O celular não despertou, perdi a hora do culto, não vi Rafaela, não vi Natã, não vi as pessoas que eu vou sentir falta, passei o dia em casa, meu irmão quase quebrou meu óculos, passei o dia todo pensando o que pode acontecer nesses dias que se seguem até domingo, guardei lágrimas, pensei em fazer a matrícula na minha antiga escola e largar essa outra escola que fica longe, nem sei de que ou como irei para a escola na segunda, quando eu poderia muito bem pegar minha bolsa da hello kitty, amarrar o cabelo, não se preocupar em manter aparência nenhuma e chegar gritando "era mentira gente, enganei vocês, eu vou continuar morando aqui ó", os abraços iriam ser infinitos... Mas isso é só meu pensamento, na verdade eu vou ter que acordar na segunda (de cabelos nos devidos lugares), fazer minha maquiagem e ir para a escola nem sei como, dar o maior sorriso sem animação ao entrar pela porta e orar enquanto ando pelo pátio tentando parecer o menos solitária possível, e depois ter que conhecer ao longo do ano, gente para me abraçar. "Poxa, não é o fim do mundo, a nova cidade é logo ali", mas quando você é apegada demais, nada é logo ali e esse novo colégio muito menos, a casa da minha vó e a casa da minha mãe não são logo ali, a casa do meu tio também não é logo ali e eu muito menos posso ligar para minha irmã dizendo: vem aqui para casa. Nunca gostei de mudanças e não ia ser hoje que eu gostaria, no fim, acabo me conformando com as mudanças, mas no incio é sempre difícil... E por mais que eu fale para todo mundo "eu volto logo", eu sei que esse logo vai ser demorado e dizer adeus é sempre difícil, mas nunca foi tão difícil... Não é TPM não gente, é que depois que eu me vi tendo que arrumar a mala para ir embora fiquei assim, sentimental... Sei que muitas de vocês tiveram que deixar o país, mas eu vou me adaptar, eu sei que vou.
Por isso sumi essa semana, arrumando a mala, a bolsa, a mente... e limpando as lágrimas, prometo que quando tiver tudo bem eu volto.